Um quadrinho que dá vontade de abraçar [Bear – Bianca Pinheiro]

Uma garotinha com um óculos maior que o próprio tamanho e um urso mal humorado que só pensa em dormir. Não podemos chamar de uma dupla comum (ou qualquer tipo de dupla, na verdade), mas na história em quadrinhos “Bear”, que teve seu primeiro volume em papel publicado pela Editora Nemo, a união desses dois fatores incomuns é o que faz a história funcionar. A versão impressa torna difícil de segurar e manusear durante a leitura. Mas isso não é um grande problema, e é a última coisa com a qual você deve se preocupar, porque a história é realmente linda.

Vamos falar sobre a história:

Raven é uma garota baixinha e bem animada, e Dimas é um urso com uns quilinhos a mais e mal-humorado que só quer fazer uma única coisa, ficar na sua caverna dormindo. Enquanto está dormindo tranquilamente em sua toca, é acordado por Raven, que está à procura de seus pais e é exatamente aí que tudo começa. A história de uma busca e o desenvolvimento de uma amizade pouco usual entre duas pessoas completamente diferentes, que pra mim é a chave dessa emocionante história. Podemos perceber no urso Dimas o completo altruísmo, que não ganhará nada ajudando Raven, mas que mesmo assim decide ajudá-la em sua jornada (para a nossa alegria).

Bear é um quadrinho de traços lindos e fofos demais. A história nasceu como uma webcomic no Tumblr e que ainda continua disponível, com publicação semanal. Uma das coisas mais legais de “Bear”, além do traço lindo, são as referências que a Bianca Pinheiro consegue incorporar ao longo do texto: temos a participação de um garoto de cabelos loiros bem parecido com o Zink (o nome dele não é Zelda e espero que você saiba disso) e conhecemos a história de um encanador bigodudo que conseguiu fugir da prisão da Cidade das Charadas. Além disso, temos o Popeye, o Rafiki, a Leeloo e mais um monte de gente legal e além da própria Bianca Pinheiro que faz Oráculo, tão linda né?!

A sutil inserção de homens engravatados e em preto-e-branco que mandam a Oráculo voltar ao seu trabalho e impedem que ela faça o que gosta; Dimas falando em como é estúpido fazer fila depois de pegar uma senha; ou dizendo que não pode vencer todo mundo na base da força só porque é maior, entre outras coisas, são criticas bem construídas e sutis, que em nenhum momento parecem forçadas.

O que fica no final do primeiro volume de “Bear” é a vontade de continuar lendo, e de sair correndo procurando todos os trabalhos possíveis da Bianca Pinheiro, mas tome cuidado é totalmente viciante! Bear está no terceiro volume e não sabemos quando o quarto será lançado.

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